Loryan Tales
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[SoulStone] Capitulo 1 _ Uma Luz na Escuridão

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Mensagem por Laily Aflen Qui 16 Out 2014, 20:12

[Hoje]

   A cidade continua parada como sempre. Mas ao invés de estar parada devido ao costumeiro clima pacato, a tensão é o que tem causado a paralisação. Na taverna, as especulações sobre a causa do desaparecimento. No templo, as preces pelo retorno dos desaparecidos. Nas ruas, a espera por noticias. Nas estradas, o vazio devido ao medo. Desde duas semanas, casos de desaparecimento de pessoas têm causado a preocupação dos habitantes da cidade. Mensageiros enviados solicitando auxílio a cidades vizinhas não foram respondidos. Talvez outras cidades estejam ocupadas com seus problemas, mas a verdade é que o pequeno vilarejo nunca recebeu grande importância pelos vizinhos.

  As pessoas passaram a ter medo de deixar a cidade, e nas noites como esta, a cidade se torna um vazio quase que completo, não fosse pela taverna manter suas atividades, para hospedar e atender as pessoas, e o templo, que estava de prontidão para resgatar os necessitados. Mesmo essas atividades, não costumavam mais se aprofundar na noite como antes. Em 2 ou 3 horas, as portas serão fechadas, e o silêncio tomara conta das ruas.

  Os barulhos de pedrinhas sendo chutadas ecoam na entrada da cidade. Uma jovem robusta de pele clara e longos cabelos loiros, possuidora de um par de olhos azuis cintilantes, passava pela estrada de pedra qual encontrou quando cruzava uma floresta e levava diretamente para Leniach.

   Éwoen Vernoth era a filha única de um casal de tecelões, possuidores de uma pequena loja bem no interior nas fronteiras de Loryana. Uma jovem simples e de sonhos grandiosos. Nunca aceitou a idéia de herdar a loja e ter a mesma vida pacata e tediosa de seus pais, ela queria aventuras como as que lia toda tarde embaixo do carvalho. E foi com essa determinação que aprendeu um pouco de luta corporal, manuseio de espada, alem de o básico de sobrevivência em floresta. Fosse em livros ou com algum professor, ela buscava conhecimento para o dia em que saísse de casa em busca de seu destino.

    Já fazia quase dois meses que saiu de casa, e apenas agora encontrava civilização. Talvez fosse seu péssimo senso de direção, ou aquela floresta realmente era grande. Por sorte não encontrou nada perigoso em seu caminho, também não tendo dificuldades em encontrar alimentos e água.

   O sol já estava bem baixo quando encontrou a entrada da cidade. Dali já podia ver as casas, até podia identificar algumas construções sendo a taverna da região e uma que parecia um templo. Ansiosa como qualquer um que sentia o espírito de aventureiro dentro de si, aquela empolgação inicial de ter grandes contos na velhice, e saber que conheceu o mundo como ele realmente é, postou-se a andar mais rápido, quase correndo até o centro da cidade.

  A pequena cidade de madeira e tijolinhos rústicos está parada. Não há movimento e por um momento ela aparenta ser uma cidade deserta. Mas avançando um pouco mais, essa aparência cai por terra. Alguns leves murmúrios ecoam na cidade. Palavras difíceis de entender.

 Chegando ao centro da vila, aquela minúscula vila, se encontram a taverna e o templo como ela havia deduzido. De dentro da taverna, algumas pessoas espiam o lado de fora, receosas. O templo acaba de ter as portas fechadas. Definitivamente nada parece normal.

  Enquanto caminha observando se havia alguma hospedaria, um sentimento de medo percorre sua espinha. Apesar de já estar acostumada a ficar no escuro e sozinha, sempre estivera em uma floresta e seu pior inimigo seria um troll ou alguma fera, seres que não pensavam direito. Mas ali, em uma cidade, sabia bem das mentes cruéis e sádicas que podiam armar-lhe uma emboscada e fazer coisas das quais preferia não pensar.

  Acelerou o passo e rumou para a taverna, desistindo de procurar àquela hora uma hospedaria. Assim que ela abre a porta que solta um rangido longo, os murmúrios cessam e a atenção era voltada totalmente para si, pelo menos os que ainda tinham alguma lucidez.

  A taverna era tão simples como o restante da cidade. Portas, cadeiras e mesas de madeira, assim como o chão e as escadas. Tinha uma aparência bem rústica e mal cuidada, nada confortável, ainda mais pelo clima tenso e pesado do momento. O lugar parece ser a única opção de diversão por ali. O cheiro forte de bebida paira no ar, junto ao cheiro de mofo e suor, e de alguma coisa estragada, o que faz Éwoen torcer o nariz. Mesmo assim, seria melhor do que ficar lá fora.

 O taverneiro percebendo aquilo, rapidamente sai de traz do balcão e se aproxima gentilmente.

- Seja bem vinda á minha humilde taverna. Deve ter sido uma longa viagem. - Diz ele, indicando uma mesa, a qual começa limpar imediatamente. Aparentava ter por volta de 30 á 40 anos, um homem robusto, mas com aquela barriguinha sobressalente, indicando a falta de exercícios, seus olhos e cabelos eram castanhos, assim como o bigode que tinham alguns pelos brancos.

- Oh, sim, um pouco.. – Ela sorri sem graça, o seguindo até a mesa qual este limpava, puxando uma cadeira e sentando. - A cidade esta um pouco quieta, não é mesmo? - Puxa assunto, antes que esse saísse apenas para ver se descobria o motivo de tamanha situação estranha.

- É... Sim, sim... - O taverneiro desvia o olhar. Alguns fixam o olhar em Éwoen ainda mais após isso. Outros olham para o taverneiro, surpresos, como se tivesse violado algum tabu. Outros apenas desviam o olhar. O silêncio paira por alguns instantes, como se ninguém soubesse o que dizer. E isso implica ainda mais na curiosidade da garota.

- Estou de passagem, quero chegar até a próxima cidade... Busco por ervas medicinais. – Ela mente, tentando disfarçar com um sorriso e um ar inocente. -.. Mas precisava de um lugar para ficar esta noite... Conhece algum?

- Tenho uns 3 quartos aqui em cima. Não é grande coisa, mas pelo menos serão mais seguros que lá fora. - Responde ele. Aos poucos as pessoas voltam a se preocupar mais com suas bebidas do que com ela.

Por algumas horas o clima segue normal. A única garçonete andava pra lá e para cá entregando as bebidas e comidas de seus clientes. Uma jovem nova, aparentemente 16 anos, cabelos castanhos e com um olhar distante, como se seus pensamentos estivessem longe. Éwoen a observava assim como todo o resto. Afinal, o que estavam escondendo?... As possibilidades passavam pela mente como morte, chantagens, facções, governos, alguém ou criatura dando trabalho na cidade.... As possibilidades eram muitas para chegar á uma conclusão, mas não sabia como chegar até algum deles e questionar. Só podia aguardar.

  Pouco depois um homem que já estava um tanto alterado pela bebida se levanta e caminha cambaleante em direção a porta. Os que estavam próximos a ele tentam detê-lo.

- Vamos logo, docinho, vamos para minha casa. - Diz ele, à uma pessoa que estava a seu lado. Agora Éwoen nota que sob as roupas pesadas e sujas se via uma mulher de rosto não muito agradável. Talvez daí viesse o fato de não ter notado se tratar de uma mulher.
 Os outros tentam o deter, dizendo que ele não está em condições de ir para casa, e nem que está seja uma hora boa de sair.

- Me larguem seus frouxos! Se o que quer que seja vier, darei um jeito com meus próprios punhos. - Diz ele, erguendo os braços e desferindo golpes lentos e imprecisos no ar. Um homem que estava isolado em um canto se levanta, e vai diretamente até o bêbado e lhe atinge um soco no estômago. Este cambaleia e cai no chão. O olhar deste se aparenta uma profunda, mas contida fúria.

-Imbecil... se quer sair, que vá. Larguem esse inútil, senão eu que vou matá-lo, aqui mesmo.- Os homens se afastam, largando o bêbado que se contorce no chão em dor. Ele vai pouco a pouco se levantando, enquanto o homem que o golpeara volta a sua mesa.

- Só porque era a mim que a meretriz da sua irmã amava?- O bêbado falou aos berros, e começou a gargalhar, enquanto se virava para a porta. O outro homem bateu a caneca na mesa e se ergueu de imediato, mas os outros o impediram de avançar contra o bêbado que agora saia pela porta.

- Mas que zona é essa?- O taverneiro surge dos fundos, com a voz ecoando pelo salão e causando silêncio no ambiente. - E porque a porta está aberta?- Questiona, indo direto fechá-la com pressa.

- Aquele inútil saiu. - O homem voltou a se sentar, e tomou mais um gole da caneca. -Espero que encontre o mesmo fim que causou á minha irmã....

A jovem dos cabelos loiros observa a cena com a curiosidade mais atiçada. Afinal o que tanto escondiam? Pelo menos agora sabia por onde começar as perguntas. Inclinou-se parcialmente ao lado onde um homem estava sentado bebendo.

- Senhor... não seria melhor alguém ir atrás dele ? – Se referindo ao bêbado que saiu mesmo com os protestos dos demais.  – É perigoso em seu estado, ele pode cair numa vala ou algo do tipo...

- Não saia, moça. A noite está levando os que ousam encará-la. - Diz o homem com uma falta significativa de dentes na boca, enquanto sua bebida escorria pela barba mal feita. O taverneiro assente com a cabeça como se concedesse a permissão para falar sobre o ocorrido. - Já basta aquele que saiu, depois de dizer palavras duras e desnecessárias. Ele abusa da sorte, mas uma pessoa que mais de uma vez acudi-lo acabou não tendo um bom fim. Não seja você a próxima. Fique aqui até o raiar do dia, até o sol estar alto.

A garota que havia preparado um quarto acima, agora vem trazendo uma bandeja com pães, peixes e uma bebida quente.

-Moça?- Ela diz, envergonhada. - Sua refeição. - Diz, estendendo os braços e oferecendo. Ao contrário da aparência do local, a comida parece bem preparada, embora bem simples

Éwoen agradece, dando espaço para que a garçonete a colocasse na mesa, voltando sua atenção para o homem ao seu lado.

- Como assim.. “À noite os leva”? O que exatamente os leva?

- Ninguém sabe, ninguém vê. Apenas somem... – Ele faz uma pausa bebendo mais o liquido transparente de sua caneca, então limpa a barba e volta a falar. – Isso começou á três dias, com o garoto...

A jovem balconista parece começar a passar mal, enquanto limpava a mesa ao lado ouvindo a conversa. Deixa a bandeja sobre a mesa apressada e sai correndo para os fundos. As pessoas acompanham com o olhar. Um deles sussurra algo como "pobrezinha".

- Ela esta bem? – Éwoen pergunta, vendo-a correr.... Mas logo fica mais séria, encarando-os mais confiante. - Me passem todos os detalhes possíveis, talvez possa dar uma investigada e descobrir quem ou o que está atacando-os assim...

- Passaremos pela manhã, daí você pode falar com outros. – O taverneiro que passa perto para recolher a bandeja deixada no local, se intromete na conversa, tentando restabelecer a calma do local. - A noite já está avançando e já houve muita confusão. Você saberá de tudo no tempo oportuno. Mas tome cuidado. Por hora, apenas coma e descanse.

Ela concorda, mas não aceitava, não estava tudo bem. Aquele senso de justiça e a vontade de fazer o que era certo, lhe invadia novamente. Seu espírito aventureiro estava agitado e se fosse possível, ela sairia agora em busca do que estava fazendo mal para aquela cidade, porem tinha que manter a calma e fazer tudo direito. Após a refeição, ela encontra o taverneiro sem problemas. Ele entrega uma chave e a guia pelas escadas de madeira velha, que rangem num tom de causar leves arrepios.

 Ali, acima do salão estão os quartos, mas logo o primeiro foi o escolhido para sua estadia. Ao abri-lo, o quarto tem um cheiro não muito agradável. Uma mistura de mofo e um leve perfume de flores. A cama recém arrumada pode não ser o maior dos confortos, mas ao menos poderá conceder descanso por aquela noite.

  Ele se despede desejando uma “Boa Noite” e sai. O corpo cansado do dia de caminhada se afunda na cama após fechar a porta. A vela se apaga assim como seus olhos, que se fecham. Enfim descanso, ao menos por enquanto....
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